A Glass não podia deixar de homenagear o pai e, por que não, o homem. Essa edição é toda voltada a eles. Para começar, dois perfis bastante conhecidos: o cantor Leo, da dupla Victor & Leo, e o empresário Marcelo Prado
Em entrevista à nossa equipe, Leo fala sobre a vida pessoal, e Marcelo nos conta sobre o mundo dos negócios
A dupla Victor & Leo é conhecida nacionalmente. Eles iniciaram a carreira em 1992 e, além de cantores, também são produtores, compositores, arranjadores e músicos. São naturais de Abre Campo, e escolheram Uberlândia para morar com a família.
Na edição especial para os homens, Leonardo Chaves Zapalá Sbrana Pimentel, o Leo, nos recebeu em seu escritório com exclusividade para falar sobre um lado que poucos conhecem: sua vida, seu relacionamento com o pai e o irmão, sua expectativa quanto aos filhos e outras curiosidades.
Leo é casado, tem dois filhos e é superligado à família. Na entrevista, ele nos conta sobre a ida para capital, o afastamento do pai e o cenário musical atual. As fotos foram cedidas em primeira mão para a glass, elas foram tiradas na fazenda da dupla para divulgação do novo trabalho
Leo - Não, jamais. Isso estava muito distante da nossa realidade. Não só a gente, como qualquer um da cidade, não tinha a mínima notícia do que seria a vida no show business, a vida de um artista, uma carreira. Não tinha como imaginar. A gente via os ídolos muito distantes. Comecei a cantar em 1992 e fiquei na cidade até 1994. Tocávamos em festas de família e amigos. A partir daí, em barzinhos da cidade e região. Mas era uma forma de brincadeira, nunca foi pensando que estávamos começando uma história, uma carreira. Depois que nos mudamos para Belo Horizonte, começamos a cantar em lugares maiores. Gravamos um CD voz e violão, o Victor e eu. Aí, sim, começamos a imaginar que poderia dar em alguma coisa, e passamos a viver de música. Nesse momento, começamos a acreditar. Sempre tivemos muita fé. Quando começamos a encarar como carreira, não colocamos o SE na frente de nada. Nós éramos os que mais acreditavam.
Revista Glass – Em 1994 você saiu de casa. Como foi ir para a capital? Teve medo?
Leo - Tive sim, a gente era muito sem experiência, sem maldade, sem vivência. Enfrentamos um pouco de dificuldade. Ficamos um pouco inseguros. Mas com o tempo nos adaptamos. Nossos pais se separaram em 1994. Victor, Paula e eu fomos morar com a nossa mãe, mas sentíamos falta dos avós, primos e amigos de Abre Campo
Revista Glass – Até conseguir o reconhecimento nacional foram 14 anos. O que se passava pela sua cabeça durante esse período? Pensou em desistir por algum momento?
Leo - Desistir, não. Já pairaram dúvidas. Existiram momentos de dificuldades impostas pelo meio, e de nós mesmos, como a convivência. Trabalhar junto com o irmão não é fácil. Por mais que você o ame e saiba que o outro também te ama, uma hora você quer ir para um lado e o outro, para o outro. Ele vira seu sócio. Tem que haver um equilíbrio, respeito, humildade e tolerância, senão não vai. Até você adquirir isso tudo, o Victor e eu tivemos momentos difíceis. A família ajudou muito e a espiritualidade também.
Revista Glass – Hoje não se demora tanto para fazer sucesso. Com um ano de carreira, já é possível estourar na mídia. Como você avalia essa situação?
Leo - O mercado hoje está dando menos oportunidade para a arte e mais oportunidade para o marketing. As pessoas vendem muito facilmente. Tem artistas que gravam, lançam, pagam muito dinheiro para a rádio tocar o CD e estouram. O que tem de verdade nisso? Há um tempo atrás o mercado era mais seleto. Quem estava cantando era quem tinha talento acima do normal, claro que havia exceções, mas a maioria era talento. A maior prova é o fato de hoje você ouvir uma rádio sertaneja e, em dez músicas, você conseguir tirar no máximo três nomes diferentes. O restante eu não vou conseguir diferenciar um do outro. Uma dupla estoura, aí vem mais 30 fazendo tudo exatamente igual, a mesma pegada, a mesma voz. O mercado ficou carente de personalidade e originalidade musical. Há pouco tempo, você ouvia Chitãozinho & Xororó e sabia quem era, Christian e Ralf, Zezé di Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, João Paulo e Daniel, Gian & Giovane, Milionário e José Rico, Bruno e Marrone. Todos com personalidade e muito talento musical. Hoje isso tem deixado de acontecer. Claro que ainda temos músicas boas e pessoas que se destacam. As pessoas que consomem precisam enxergar essa prostituição do mercado.
Revista Glass – O que a família representa para você?
Leo - É tudo de mais importante que eu tenho. Eu encaro como uma grande oportunidade de se conhecer e descobrir o mundo. É com as pessoas dentro de casa que você tem essa oportunidade. É o maior impulso que nós temos para o crescimento. Eu aprendo muito com minha esposa, com meus filhos, com meu irmão, com minha mãe e com meu pai. Infelizmente, hoje a sociedade torna isso cada vez menos importante. Mas eu valorizo muito
Leo - O que eu quero para os meus filhos não é deixar herança material, quero dar oportunidade para que eles se tornem homens com valores. Quero que eles tenham as qualidades e as virtudes necessárias para que possam conquistar espaço no mundo. A pessoa com humildade, honestidade e vontade de trabalhar consegue qualquer coisa. Meu foco principal, juntamente com a minha esposa, é esse. Formar homens. Preocupo-me muito com isso, em mostrar que a vida não é só curtição, tem que saber se relacionar, conviver.
Revista Glass – Com todas as dificuldades que você teve e ainda tem para chegar onde está, você ficaria feliz se os seus filhos seguissem seu caminho?
Leo - Existe um sentimento de satisfação em saber que seu filho seguiu o seu caminho. Quando eu vejo meu filho com a guitarra ou o violão e até me imitando com o microfone, eu fico feliz. Mas a satisfação maior é poder vê-lo fazendo sucesso na vida. O sucesso não é fama. Se ele escolher um caminho e conseguir atingir o sucesso, seja como dentista, advogado ou até cantor, eu ficarei muito satisfeito. Mas se eles forem músicos, vou ficar mais feliz ainda em pensar que eu servi de exemplo. Eu não fico forçando a barra, tem que ser natural, espontâneo.
Revista Glass – Qual é o seu ideal de pai?
Leo - É o amor – com esse sentimento você é amigo, compreensivo, e firme quando preciso. Um pai presente, para mim, é fundamental. Na sociedade capitalista que vivemos hoje, as pessoas estão sempre corridas. Isso resulta em menos contato com a família e menos tempo para os filhos. Isso pode ser um dos motivos pelo qual a família tem deixado de ser importante para as pessoas. O pai ideal tem que estar presente diariamente. Para olhar no olho, dizer eu te amo, brincar. Às vezes, isso não é possível, mas eu tento fazer disso uma regra. É esse contato que faz o filho crescer bem. Eu falo por experiência própria. Eu já estive diante de caminhos que iriam me trazer problemas se eu os tivesse seguido. O que não me deixava seguir eram meus pais. Eu pensava: ‘se eu fizer isso, minha mãe vai ficar chateada’, e eu a amo tanto que não fazia para não magoá-la. Agora, o filho que não tem o pai como parceiro, faz qualquer coisa. Porque ele pensa que o pai não o ama, que não tem sua atenção. Esse garoto pode ter problemas no futuro
Leo - Houve um período que não. Podíamos ter aproveitado mais. Quando nossos pais se separaram, mesmo em Belo Horizonte conseguíamos ter mais contato. Em 2001, quando fomos para São Paulo, aí não – nesse período ficamos bastante tempo distantes. Ele ficou em BH. Sentíamos muita falta do nosso pai.
Revista Glass – E por que escolheram Uberlândia para morar?
Leo - O primeiro show que fizemos fora de São Paulo para o nosso público, que iria cantar as nossas músicas, nos ver, foi em Uberlândia. Marcou muito a nossa carreira. A primeira impressão é a que fica, e nos sentimos abraçados pelo público e pela cidade, em setembro de 2006. Falavam em Uberlândia e abríamos aquele sorriso, e até hoje é assim. Mas outros fatores impulsionaram nossa vinda para cá. Fechamos uma parceria em Uberlândia e nosso escritório seria aqui. Estar presente seria fundamental, então viemos!
Revista Glass – O que gosta de fazer em casa?
Leo - Depende, dia de show é o Leo dorminhoco. Só saio da cama para comer. Ali no palco você tem que estar inteiro, energia total para passar para o público. Quem está ali não vai entender que você teve um dia ruim, que está cansado ou não dormiu, então eu tenho que dormir. Nos meus dias de folga eu tento ser amigo da minha família, almoço, lancho, faço tudo junto com eles. Nesse momento eu gosto de estar presente. Vou à fazenda, ando a cavalo. Meus hobbies são pescar, jogar peteca, tênis, eu amo esporte. O Leo fora do palco é mais caipirão (risos).
Fonte: Revista Glass
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